A bacia amazônica é excepcional. Ela abrange cerca de 7,5 milhões de quilômetros quadrados, duas vezes o tamanho da Índia. É o lar da maior floresta tropical da terra, bem como do maior rio em se tratando de volume do fluxo e tamanho da bacia de drenagem.
A floresta amazônica é uma área que retira carbono da atmosfera. Também bombeia enormes quantidades de água no ar. Apesar de seu tamanho significativo para o planeta, há muita coisa sobre a Amazônia que permanece como um enigma – isso porque é um lugar tão complexo e desafiador para se estudar.
Os céus acima da Amazônia estão quase sempre agitados com nuvens e tempestades, tornando a bacia um dos lugares mais difíceis para os cientistas mapearem e monitorarem. Mas, à medida em que as observações por imagens de satélite foram se desenvolvendo ao longo das décadas, as técnicas de computação e cartografia também avançaram.
Com isso, novos satélites foram lançados, os cientistas de sensoriamento remoto descobriram maneiras cada vez mais sofisticadas de reunir mapas e narrativas sobre as queimadas na Amazônia que melhor explicam essa região.
E é sobre o controle do desmatamento da Amazônia por imagens de satélite que iremos falar para você neste post.
Qual a contribuição das imagens de satélite para o controle do desmatamento da Amazônia?
Desde a década de 70, os satélites observaram várias ondas de desmatamento à medida em que se espalhavam pelo sul da Amazônia. Com fogo, motosserra, machado e maquinaria pesada, mais de um sexto da floresta foi desmatado.
Em partes da Amazônia onde ainda existem florestas, os dosséis de desbaste sugerem uma degradação significativa. Em função da exploração madeireira, ao estresse hídrico e à atividade subestimada de incêndios – os satélites forneceram aos cientistas visões sem paralelo dessas mudanças.
Além de simplesmente contabilizar quanta floresta foi cortada, os cientistas decifraram muito sobre como o desmatamento se desenrolou ao longo de quatro décadas. Um dos temas que emergem é o quão dinâmico o desmatamento tem sido.
Satélites e seus múltiplos usos
Uma das melhores ferramentas para “ler” os ritmos de longo prazo do desmatamento foi o programa Landsat.
Com sete satélites sucessivos, o Landsat tira uma foto de cada parte da floresta amazônica a cada duas semanas por 47 anos, criando o registro de mudança mais longo e consistente do mundo na região.
A maioria dos satélites Landsat coletou imagens de 30 metros, com cada pixel representando uma área do tamanho de um campo de beisebol – o suficiente para detectar até clareiras e incêndios relativamente pequenos.
Ao fazerem uso das milhares de imagens da Amazônia, os cientistas usam esses dados para tudo, desde como as estradas se espalharam, como o tamanho das parcelas desmatadas mudou e como isso alterou o ciclo da água.
Importância dos sistemas de monitoramento florestal por satélite
Os sistemas de monitoramento florestal via satélite tiveram um papel fundamental na redução do desmatamento. Em 1998, o governo brasileiro estabeleceu um sistema de coleta de dados chamado PRODES, com base nas observações Landsat 5 e 7.
Cientistas da Agência Espacial Nacional do Brasil (INPE) usaram esses dados para calcular quanta floresta tropical estava sendo derrubada a cada ano na Amazônia Legal – por mais de uma década, os dados do PRODES foram mantidos principalmente em laboratórios e agências governamentais.
Em 2002, com a indignação pública sobre o crescimento do desmatamento, o INPE começou a publicar online o conjunto completo de dados, com mapas de desmatamento de toda a floresta tropical brasileira.
Esse movimento em direção à transparência e à prestação de contas se mostrou crucial, pois possibilitou o envolvimento da comunidade científica, das ONGs e do público.
Avanço no sistema de monitoramento da Amazônia
Em 2004, houve um enorme avanço com um segundo sistema baseado em satélite, o DETER.
O PRODES coletava imagens do Landsat uma vez a cada poucas semanas e os totais do desmatamento eram atualizados uma vez por ano. Já com o DETER, as observações do desmatamento eram diárias, mostrando o incêndio e a saúde da vegetação por meio de sensores de baixa resolução ( MODIS ) nos satélites Terra e Aqua da NASA.
Mesmo a qualidade da imagem sendo menor, a cobertura diária permitiu que os monitores florestais identificassem algumas áreas recém-derrubadas em tempo quase real.
Quando o DETER foi criado pela primeira vez, enviava alertas de desmatamento aos agentes policiais em duas semanas. Em 2011, o sistema estava enviando alertas diariamente.
Uma versão atualizada do DETER agora está recebendo dados de alta resolução dos satélites ResourceSat-2 e CBERS, reduzindo o limite de detecção de desmatamento para 3 hectares.
Veja também: Conheça a importância das imagens de satélite no planejamento municipal.
O valor do sensoriamento remoto durante as queimadas de 2019
O ano de 2019 foi um lembrete poderoso do valor do sensoriamento remoto, com os muitos incêndios ocorridos na Amazônia, como explica Alberto Setzer, cientista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE):
“Tivemos muito escrutínio de políticos, de outros cientistas, da mídia e até de pessoas comuns que compararam os dados de satélite na Internet com o que estavam vendo em campo. Praticamente todos chegaram à mesma conclusão: os dados do satélite estavam corretos. E com base no monitoramento por satélite, medidas de controle foram tomadas”.
Dessa forma, a tecnologia de imagens de satélite melhorou e vem aprimorando ainda mais a sua capacidade, oferecendo um importante apoio em soluções de rastreamento, pesquisa e controle ambiental.
Quer saber mais sobre as utilidades das imagens de satélite? Leia: Imagens de satélite e os benefícios do SecureWatch.