A pauta “ESG: Reflexões, Perspectivas e Oportunidades para 2021”, chega em meio a tantas mudanças no mercado e no cenário econômico mundial. Debates e eventos envolvendo a sigla ESG vem dominando as rodas de conversa de empresários, investidores, o mercado financeiro do Brasil e do mundo.
Diante desse panorama, o projeto Codex Talks promoveu um webinar, na tarde de 16/03/21, com o conceito que abrange fatores ambientais, sociais e de governança, o ESG.
Os critérios ESG buscam quantificar e avaliar as empresas nessas três categorias, auxiliando a direcionar investimentos para empresas com boa avaliação, governança e que tratam o mundo, suas comunidades, seus funcionários de forma responsável.
Saiba quem foram os convidados e quais foram os pontos de destaque do evento.
Quem falou sobre ESG
Para falar sobre o tema, foram convidados o Especialista em gestão de ESG, Roberto Roche, que também atua com Princípios do Equador, PRI (Principles for Responsible Investment) e padrões do IFC para investimentos em infraestrutura.
A doutora em Economia pela PUCRS, Camila Toigo, que passou um período na Universidade de Brighton (UK), e é mestre em Desenvolvimento Rural pela UFRGS, consultora-pesquisadora e analista de dados de projetos públicos e privados na área de desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas e finanças verdes.
E o autor do Livro “Desenvolvimento das Famílias Empresárias” (Qualitymark Editora), Volnei Garcia, que é Consultor associado e Coordenador do Programa PAEX – Fundação Dom Cabral no RS. Professor e palestrante sobre empresas familiares, Diretor do CEDEM – Consultoria e Educação Empresarial – para programas de desenvolvimento de empresas (RS) e atualmente realizando na Região Sul uma edição do MBA Empresarial da FDC.
E para mediar esse time, Valesca Reichelt – Marketing Manager da Codex com 20 anos de experiência em Marketing e Vendas, atuando com planejamento estratégico e comercial, governança corporativa, branding, conteúdo, design e eventos/experiências. Cursou mestrado e doutorado na EAESP/FGV e Stockholm School of Economics (Estocolmo, Suécia).
Principais aspectos debatidos do ESG
Se reconhece cada vez mais na área de investimentos que as empresas que se enquadram nos critérios ESG estão bem equipadas para gerenciar riscos e operar de maneira sustentável no futuro.
Por isso, muitos gestores, investidores e empresários estão integrando a metodologia ESG em seus processos de investimento desde o início, ao invés de incorporá-las apenas a estratégias específicas éticas ou socialmente conscientes.
O evento trouxe como principais tópicos:
- Técnicas e formas de trabalhar os índices ESG;
- Os benefícios para as empresas com o ESG;
- Tendências;
- Greenwashing;
- Adoção dos parâmetros ESG pelo setor público.
Camila Toigo abriu o debate trazendo a importância do direcionamento para um novo olhar ESG no contexto atual da responsabilidade socioambiental.
“Incluir no debate ambiental a governança, meio ambiente e o social é uma mudança de paradigma entre empresas, acionistas, investidores e consumidores. O debate é recente no Brasil, e vem para mostrar que a responsabilidade socioambiental é muito mais que a filantropia, mas que exige um olhar para toda a cadeia de produção, de valores e de negócio. É importante acompanhar esse quadripé de governança (ambiental, social, econômico e governamental) e incluir boas práticas para nortear os negócios”, destaca Camila.
Muitos estudos destacaram que os investidores de amanhã irão insistir no impacto positivo, bem como nos retornos positivos, então a metodologia ESG agora faz parte do mainstream e veio para ficar.
Saiba mais: O que é uma estratégia ESG?
Mas como aderir ao ESG? Essa talvez seja a grande dúvida para muitos empresários, uma resposta que Volnei Garcia destacou: “A adoção do ESG acontece por adesão, não tem iniciativa do governo, é uma questão de filosofia, crença empresarial, é além do lucro que ela gera para seus acionistas, ela quer contribuir para a sociedade. Essa adesão vai impactar nas demais dimensões e deixar um legado para a sociedade além de seus produtos e serviços. As novas gerações são muito críticas em relação a forma que as empresas oferecem seus serviços e produtos, e simplesmente boicotam, fazem campanhas contra, e isso faz com que fique muito difícil manter a empresa no mercado”, explica.
Quem são os investidores ESG?
“São herdeiros de grandes fortunas, grandes investidores do passado que assumiram a gestão dos fundos da família ou dos próprios interesses, e que perceberam a importância da preocupação com o meio ambiente, da mudança climática, do impacto nas comunidades onde a empresa está inserida. Então se perguntam: o que será deixado de legado nessa comunidade? É aí que entram as métricas ESG, que são diferentes do que vimos até o momento. E o viés para essas métricas vai depender do investidor, ele dará o “peso”, explica Roberto.
Roche apresentou sua experiência fora do Brasil e apontou alguns dos principais benefícios do ESG.
“Os benefícios de quem se preocupa com o processo ESG, ocorre quando é preciso haver uma troca na comunidade que você vai impactar. Qualquer empresa cria um impacto positivo e negativo, muitas vezes mais negativo”, e entre eles está:
- Sua marca bem vista pela sociedade;
- Atração de novos capitais com juros mais baixos;
- Práticas sólidas de ESG resultaram em melhor desempenho operacional das empresas;
- O desempenho do preço das ações das empresas é positivamente influenciado por boas práticas de sustentabilidade;
- O custo de capital das empresas com fortes pontuações de sustentabilidade mostraram melhor desempenho operacional e menos risco de investimento;
- A imagem da empresa no mercado e os benefícios que ela traz para os consumidores, essa questão extrapola a dimensão da organização.
Sem governança não existe ESG
Um modelo de governança é importante porque deixa claro como uma organização deve modelar seu próprio comportamento. O conceito de governança é difícil de definir em uma frase ou duas porque é algo intangível.
Os sistemas de governança são complexos e multifacetados. Ao alterar um aspecto, isso afeta muitas partes da estrutura, incluindo os indivíduos e grupos que compõem o sistema e se estendem a ele.
Volnei discutiu exatamente sobre a relação fundamental entre ESG e governança. “Governanca é um tema central para o ESG, sem a governança não existe ESG. O mundo corporativo gradativamente avança nos conceitos e já existem alguns marcos importantes que representaram mudança de paradigma na governança. Esse conceito se alastra para além da perspectiva do acionista e abrange diferentes públicos nos quais as organizações se relacionam,como: stakeholders, fornecedores, clientes, colaboradores, governos; e a governança cuida disso. Um dos princípios básicos da governança hoje é o Compliance – que adapta a organização as regras, as normas e outros itens que regulam todas essas questões”.
O evento faz parte das iniciativas Codex Talks para 2021. Quer saber mais sobre ESG?? Acesse nosso blog!